Tarte e outra Arte
Não sei... Nem sempre entendo... Às vezes apenas me lanço ao resgate dos pedaços das pessoas que lá moraram... Às vezes lamento-me por não prescrutar as almas dos seres difusos e sombrios perdidos no esquecimento... Por vezes... Muitas vezes esqueço-me que eu não sou todos e nem todos são definitivamente eu... Raramente questiono o que me fez assim, de que caminhos me levaram até mim... Até mesmo e até que ponto permito que as minhas mágoas existam... De tão egoístas e hedonistas raízes se cultivaram... Que mal te fiz eu para além de todo o mal que te fizeram? Que ridícula sensação de estranheza.... Será que não sabemos a que sabem os nossos beijos? As linhas dos nossos sorrisos? Os brilhos dos nossos olhares? Será que nos deixámos cair na opacidade dos tantos dias? Na translucidez das doutas consciências? Eu sei amar! Sei-me apaixonar! Não quer dizer que o faça... Ou que o procure... Não quer dizer que volte sequer a fazê-lo... Não preciso... Quer dizer, preciso mas não o preciso de o fazer para saber quem sou... E eu que tanto mudei e continuo a ser o mesmo... Afinal tudo mudou à minha volta e eu continuei a ser o mesmo... e mais... eu sei quem tu és... mesmo que já não te reconheças ao espelho eu sei quem tu és... Sei histórias só tuas que as guardei para caso um dia as precisares de as ouvir contar... Nem falo das nossas que serão apenas minhas... Tenho na memória fotos tuas de te fazer corar, umas boas de se partilhar, aquelas giras de se emoldurar.... Tenho fotos artísticas.... Não tenho vídeos! Tenho livros e filmes... Tenho até arte.... O que muda então? O que te corta? O que te parte? O que te fiz? O que te afasta? O que te arrasta para fora de mim? Que importa o que nos fizeram? Que caminhos nós seguimos ou nos escolheram? Se ainda nos sabemos existir... Se ainda nos teimamos em falar... Que sentido em desistir ou acabar!?