a origem...
Por vezes as coisas acontecem, e nós pensamos que é acaso ou destino... talvez um mero acaso da sorte... depois, quando as almas são assim sedentas de vida e de respostas, procuram... e encontram também... quando comecei a fazer aquelas perguntas inquietantes, quando tudo para mim era mais... era sempre para além... tudo se questionava e tudo era insuficiente, a minha mãe disse-me que nem tudo tem explicação e que por vezes tentar explicar certas coisas demasiado íntimas ou profundas da alma era simplesmente esmiuçar e complicar... que nem tudo tem de ter explicação e que não nos devemos levar demasiado a sério ao ponto dos porquês nos pôr inclusive em causa... acho que ela tinha razão... até porque é minha mãe, logo alguma da experiência dela pode-me servir a mim, que tenho traços da sua personalidade... verdade é que embora complicando não me desfiz em dúvidas existênciais e crises emocionais... só as que fiz questão de viver...
Então perguntar o porquê e o de onde ou como, nem sempre tem resposta ou é produtivo... mas, pensei... e lembrei-me de há 25 anos atrás mais coisa menos coisa, estar junto à telefonia a ouvir com o meu avô o Tony de Matos (padrasto da Teresa Guilherme, curioso..)... ele vivia com emoção as músicas do Tony, verdadeiro ícone, ou talvez o único da música plenamente romântica portuguesa... e eu percebia já na altura, que eram mais que músicas, eram gemidos da alma, identidades que se reviam nas letras e melodias... e se o meu avô cantava especialmente "Tempo Volta para trás" adequado à idade que tinha, talvez eu um dia também a cante da mesma forma... agora é a minha vez de viver a música à imagem que o meu avô fazia... um "Só Nós Dois" dos nossos tempos mas a origem está no passado, há 25 anos atrás, recebi as lições do amor e do amar e do viver e do sofrer, também nas letras e melodias e voz do Tony de Matos pela mão do meu avô...
http://www.youtube.com/watch?v=m1ZnSP9l84c
Um dia, do nada, precisei de escrever sobre o meu avô... e desmoronei-me em lágrimas e soluços... um dia voltarei a reler esse papel, talvez no dia em que chegar a vez da minha avó também partir e eu deixar de saber o que foi um dia ser menino alegre e feliz...