Muitas palavrinhas para poucas coisinhas
Ponto prévio: Eu teria boas condições de ser perfeito caso não estivesse carregadinho de imperfeições!!
Escrevo no impulso... neste momento não sei bem o que me leva a escrever, mas escrevo tendo como objecto de escrita eu próprio, ou o "eu próprio" resultado da ligação com as mulheres.
A minha sexualidade aconteceu... não foi problemática, nem confusa, nem sequer foi... simplesmente quando dei por mim enquanto ser, já gostava da Mulher, acreditem que na minha inicial inocência não havia sequer espaço para conceber que um homem poderia não gostar de uma mulher mas sim de outro homem. Gostava de brincar com as miúdas porque eram tão giras, tinham tanta piada... e nem sequer sofri qualquer "represálias" quando por vezes preferia brincar ao lencinho da petica com elas do que andar a atirar pedras uns aos outros com os rapazes (embora também gostasse muito). Depois, também influenciado pelo meio de onde venho, as miúdas começaram a ser alvo de cobiça, não só minha mas de todos os meus amigos, e as conquistas e "desconquistas" sucediam-se ao ritmo em que viamos as paixões do cinema, como "TOP GUN", "NAMORADA ALUGA-SE" "DIRTY DANCING" e outros. Também naturalmente começaram os bate-pés, e os verdades ou consequência, e depois os beijinhos atrás da escola e no autocarro para casa... Quando dei por mim, respirava, "comia", bebia e vivia miúdas... mas eu e todos os meus colegas... não sei porquê mas ainda hoje mariquices não existe nos 10 ou 15 gajos lá da terra das "minhas gerações", e se existisse não haveria problema, porque o que é diferente não nos incomoda, simplesmente "ainda" (e acho que nunca) não fui (vamos) por aí... Depois aconteceu... descobriu-se o sexo!! E só depois as primeiras paixões e as primeiras grandes vitórias e derrotas claro... A princípio complicava-me muito o sistema tentar perceber porque é que as mulheres (miúdas) diziam uma coisa e pensavam outra... mas mais tarde percebi que só o facto de eu as saber ler entre linhas... e sorrisos, e expressões, e sentimentos era por si só algo de raro e precioso... Andando para a frente, muito para a frente, de lá para cá não lhes fiz a conta e recuso-me a fazer, mas sei quem mexeu comigo, quem chegou e partiu e nunca chegou realmente a partir... podendo ser eu considerado um Homem de uma Mulher só, também não posso deixar de considerar que fui ou até sou um homem de algumas paixões... Agora já não mudo muito, direi que cada vez mais vou sendo "EU" e não aquele "eu" voraz e avido de vida, também aprendi a contemplar, a saborear, e embora soubesse parar, não sabia não começar... Agora cá do alto (ou do baixo) dos meus trintas respiro e por vezes não anseio como outrora... mas as coisas ainda acontecem, não sei bem porquê, ou não quero saber...
E escrevo para continuar sem perceber percebendo, que fui sendo para as mulheres algo de incomum, algo de irreal, algo de por vezes precioso, algo de viciante e dependente, algo de saboroso, e algo de aventuroso... algo de concreto mas sem o ser plenamente, algo de memorável sem dúvida... Gostava de ter tido uma vida para cada mulher extraordinária que conheci, elas mereciam eu não!!!
E hoje que paro e olho e tento por vezes não respirar para não darem por mim... assusto-me quando alguém que tem tudo, acha que eu sou diferente de tudo e de todos, "como uma cartada de liberdade"... e até no viver do dilema hoje sou diferente, troco a cor da voracidade violenta de sentimentos galopantes com vontades inebriantes, por um deixa lá ver o que é que isto vai dar pouco mais que monocromático... mas será que é mesmo assim?? E muito mais haveria a esconder nas entrelinhas a escrever sem sentido mas sentidas... que não escrevo!!