apenas um...
e sou apenas mais um...
e passar na rua,
pessoas por ti,
sorte a minha sorte a tua,
alguém te sorri...
certezas breves,
brisas tão leves,
pardais que restolham,
braços que te acolham,
abraços que te abriguem,
mãos que se desliguem,
no frio das ruas,
como um dia as tuas...
perdidos dias que foram,
perdido em dias que foste,
outros olhos que moram,
nas faces em que te abrigaste,
outros olhos não choram,
o que também não choraste,
eu sou apenas mais um,
entre muitos nenhum,
entre todos alguém,
dentro de ti ninguém...
eu sou também mais um,
que passou na rua e sorriu,
aquele sorriso incomum,
que um dia te iludiu...
eu sou também um dos mais,
que reprime em dias que tais,
são (in)certezas, sinais,
tal restolhar dos pardais...
eu serei sempre algum,
como um dia fui um,
eu serei sempre para ti,
tanto quanto nunca vi...
eu serei sempre e porém,
nunca serei mais que nada,
também até nem convém,
ser mais que bonita fachada...
eu fui apenas mais um,
da mulher que queria ser amada,
da dama por todos desejada,
da princesa perdidamente abandonada,
da lenda da moura encantada,
da guerreira vílmente trespassada,
da história nunca contada...
e sendo apenas assim,
muito me custa ser,
instântaneos de mim,
e de tudo o que se sonhou viver...